Se o preconceito racial proveniente somente da raça já é uma carga pesada para ser carregado por uma pessoa, a situação fica mais complicada quando esta pessoa além de sofrer a discriminação por sua raça a sofre também pelo sexo. É o caso da dona de casa Vera Lúcia Dantas Barbieri, 46 anos, cuja história ilustra bem esta realidade.
Vera Lúcia, ou Vera do Gato como é conhecida, nasceu na Bahia, não sabe ao certo a cidade, pois foi registrada em Belo Horizonte/MG. Filha de pais separados, sua mãe ao passar por Sacramento/MG, perguntou à uma família do município se queriam cuidar de Vera, caso contrário a jogaria no rio. Vera então se enquadrava na seguinte situação: mulher, órfã e negra. Sua família adotiva lhe deu todo amor e conforto que podiam, mesmo assim ela cresceu rebelde. Vestia roupas masculinas, cortava os cabelos bem curtos e não deixava que ninguém a ofendesse.
Se acaso alguém a chamava de "preta" ou de órfã, não ficava magoada nem se deixava abalar. "Eu sempre resolvi meus problemas, nunca levei os meus casos para casa, quando era necessário eu até dava um ‘coro’ nos meninos que tentavam me ofender", declara Vera.
Na época em que morou em Sacramento, por volta da década de 70, pessoas negras eram proibidas de entrar no Sacramento Tênis Clube, que fica localizado em uma das principais ruas do município. Nesta mesma época, ela completou quinze anos e como seu padrinho era uma dos maiores sócios do clube, Vera pode participar do Baile Debutante juntamente com as outras garotas que aniversariavam naquele ano. "Não teve uma pessoa que não tenha me olhado torto naquela festa, afinal, eu era a única ‘preta’ vestida de dama. As outras garotas eram branquinhas, loirinhas dos olhos azuis, mais nem isso me tirou do salto", afirma. Vera entrou e rodou dançando pelo salão como uma princesa . "Os olhares indiscretos faziam com que eu me achasse mais bonita. As meninas morriam de raiva de meu jeito superior e os garotos estavam doidos para saber quem eu era".
Aos 19 anos Vera ficou grávida dando a luz à um garoto que se chama Alex. Ela então era mulher, negra, órfã e mãe solteira. Sua família lhe deu total apoio, mas a sociedade não perdoou. Ela recebeu ofensas de todos os tipos, mas não se deixou abalar. Com 23 anos casou-se com Alberto Barbieri e teve mais duas filhas. "Por ironia do destino, todos meus filhos são loiros e modéstia à parte, lindos! Aí que o ‘trem’ teve feio! O povo não acreditava que uma mulher da cor negra podia ter filhos bonitos e ainda mais, loiros!", ironisa.
Hoje ela mora em Conquista e conta diversos casos sobre discriminação. Confessa que já perguntaram a ela se era a babá ou empregada da família quando estava com seus filhos em algum lugar. Quando alguém a chama de preta ou negra ela sorri. "Às vezes até agradeço". Ela sabe que a cor de uma pessoa não interfere em seu caráter nem em seu comportamento. "O que vale é o que cada um tem dentro de si. Pobres são aqueles que pensam que a raça diferencia uma pessoa das outras". Vera nunca pensou em entrar na justiça por causa de discriminação, ela disse que naquela época não resolvia muito, então preferia resolver pessoalmente, o que nem sempre é a melhor saída.
Se acaso alguém a chamava de "preta" ou de órfã, não ficava magoada nem se deixava abalar. "Eu sempre resolvi meus problemas, nunca levei os meus casos para casa, quando era necessário eu até dava um ‘coro’ nos meninos que tentavam me ofender", declara Vera.
Na época em que morou em Sacramento, por volta da década de 70, pessoas negras eram proibidas de entrar no Sacramento Tênis Clube, que fica localizado em uma das principais ruas do município. Nesta mesma época, ela completou quinze anos e como seu padrinho era uma dos maiores sócios do clube, Vera pode participar do Baile Debutante juntamente com as outras garotas que aniversariavam naquele ano. "Não teve uma pessoa que não tenha me olhado torto naquela festa, afinal, eu era a única ‘preta’ vestida de dama. As outras garotas eram branquinhas, loirinhas dos olhos azuis, mais nem isso me tirou do salto", afirma. Vera entrou e rodou dançando pelo salão como uma princesa . "Os olhares indiscretos faziam com que eu me achasse mais bonita. As meninas morriam de raiva de meu jeito superior e os garotos estavam doidos para saber quem eu era".
Aos 19 anos Vera ficou grávida dando a luz à um garoto que se chama Alex. Ela então era mulher, negra, órfã e mãe solteira. Sua família lhe deu total apoio, mas a sociedade não perdoou. Ela recebeu ofensas de todos os tipos, mas não se deixou abalar. Com 23 anos casou-se com Alberto Barbieri e teve mais duas filhas. "Por ironia do destino, todos meus filhos são loiros e modéstia à parte, lindos! Aí que o ‘trem’ teve feio! O povo não acreditava que uma mulher da cor negra podia ter filhos bonitos e ainda mais, loiros!", ironisa.
Hoje ela mora em Conquista e conta diversos casos sobre discriminação. Confessa que já perguntaram a ela se era a babá ou empregada da família quando estava com seus filhos em algum lugar. Quando alguém a chama de preta ou negra ela sorri. "Às vezes até agradeço". Ela sabe que a cor de uma pessoa não interfere em seu caráter nem em seu comportamento. "O que vale é o que cada um tem dentro de si. Pobres são aqueles que pensam que a raça diferencia uma pessoa das outras". Vera nunca pensou em entrar na justiça por causa de discriminação, ela disse que naquela época não resolvia muito, então preferia resolver pessoalmente, o que nem sempre é a melhor saída.