Em  praça pública, para servirem de exemplo aos demais, os  negros sofriam  .seus castigos. A escravidão negra no Brasil, iniciada, segundo  alguns  autores, em 1532, estendeu-se  até 1888. Foram  mais de três séculos e meio de escravatura, condição em  que o negro  desempenhou importante papel na colonização e, depois, no   desenvolvimento econômico do Império. Os africanos entravam no Brasil   principalmente através dos portos do Rio de Janeiro, de Salvador, do  Recife e de  São Luís do Maranhão, de onde se espalhavam por todo o  território brasileiro.  Muitas vezes, revoltados com sua condição,  fugiam de seus senhores, chegando a  organizar-se em quilombos, cujo  principal, o de Palmares, em Alagoas, conseguiu  tornar-se um verdadeiro  estado negro dentro da colônia portuguesa.
        
          
           
   
  
          Eram  vendidos separadamente  sem respeitar laços de família - pais para um  senhor, filhos para outros,  maridos e mulheres para donos diferentes.
Eram  vendidos separadamente  sem respeitar laços de família - pais para um  senhor, filhos para outros,  maridos e mulheres para donos diferentes.     
    
   
           
            
Foi  como que o negro entrou  no Brasil, mas não foi esta colônia portuguesa  o primeiro país na América a  receber o africano em tal condição. Em  1501, a ilha de São Domingos atual  República Dominicana, por um ato do  rei da Espanha, recebeu a primeira leva de  negros, vindos com Nicolau  Ovando, e a partir de 1517 o comércio negreiro para  as colônias  espanholas começou a ser feito regular e legalmente. Foi concedido   asiento a Go menot, governador de Besa, para a introdução de 4.000  negros,  contrato que ele vendeu a negociantes genoveses.
Na  Europa, é difícil saber a  quem cabe a prioridade do tráfico-se a  portugueses ou espanhóis. Já em meados do  século XV ele constituía o  meio regular de colonização de ambos os países e, a  partir daí, durante  os duzentos anos seguintes, foram abastecidas também, além  das  colônias espanholas e portuguesas, as possessões inglesas, francesas e   holandesas,
Em  Portugal, Antão Gonçalves, ao  regressar em 1442 de uma expedição à  África, ordenada por D. Henrique, levou  alguns mouros como cativos que o  Infante mandou libertar. No ano seguinte, Antão  Gonçalves trocou seus  prisioneiros por dez negros da Guiné, que Frei Francisco  de São Luís  afirma terem sido os primeiros escravos chegados a Portugal,   provenientes da costa ocidental africana.
Em 1445, Nunq Tristão transportou  mais de 40 escravos africanos, entusiasmado pelas possibilidades econômicas do  negócio.
Foi  em Portugal que mais se  desenvolveu o tráfico negreiro - já que este  país mantinha o domínio exclusivo  da África colonial. Durante muitos  anos, porém, o tráfico negreiro foi também  próspero na Espanha,  representando a principal fonte de renda do país. Por  intermédio dos  asientos a coroa espanhola concedia a determinados súditos o  direito  exclusivo de fornecer negros escravos às suas possessões de ultramar. O   negócio era tão vantajoso que muitos soberanos estrangeiros faziam tudo  para  obter os asientos, ou seja, tratados ou contratados de monopólio  comercial. E  por dois séculos - de 1517 a 1743 - holandeses, espanhóis,  franceses,  portugueses e ingleses gozaram sucessivamente deste  monopólio. A Inglaterra, que  mais tarde seria ferrenha defensora da  proibição do tráfico, conseguiu 30 anos  de monopólio para seus súditos  pelo tratado de paz de Utrecht assinado em 1713.  A Espanha tirava  grandes lucros destas transações, recebendo vultosos  empréstimos ou  adiantamentos dos empresários com os quais negociava, e a este (Hientos   era dada ainda uma vinculação religiosa, sendo celebrados, inclusive,  em nome da  Santíssima Trindade por Sua Majestade Católica de Espanha.  Dez contratos dessa  espécie foram realizados em menos de dois séculos,  compreendendo o transporte de  quinhentos mil escravos num total de 50  milhões de libras.
       No  Brasil, o elemento negro  começou a ser Introduzido com os primeiros  engenhos de açúcar de São Vicente.  Para alguns historiadores, os  escravos africanos aqui chegaram com Martim Afonso  de Sousa, em sua  expedição de 1532. Durante quase 50 anos este tráfico foi  regular, e em  1583 realizou-se o primeiro contrato para a introdução da  mão-de-obra  africana no Brasil, assinado entre Salvador Correia de Sá,  governador  da Cidade do Rio de Janeiro, e São João Gutiérres Valéria. Um século   mais tarde já havia nas lavouras brasileiras 50 mil escravos negros, a  maioria  em Pernambuco. Em 1755, o Marquês de Pombal criou a Companhia  Geral do Comércio  do Grão-Pará e Maranhão e, em 1759 a de Pernambuco e  Paraiba, as quais  introduzindo grande número de negros africanos,  fomentaram o progresso material  do Nordeste brasileiro.
Tencionando  contar com o  elemento natural para a colonização dos continentes que  ocupa vam, os  portugueses tentaram- nos primeiros tempos de sua  permanência no Brasil -  subjugar os silvícolas brasileiros. Assim, em  1533, Martim Afonso de Sousa  permitiu a Pero de Góis o transporte para a  Europa de 17 indígenas escravizados,  e no foral dado a cada donatário  contava o direito de vender anualmente até 39  indígenas cativos. O  índio brasileiro, entretanto, além de não se adaptar ao  regime de  escravidão, não servia para o trabalho na lavoura.
Estes  fatos, aliados à vinda  dos jesuítas, empenhados na defesa do índio,  fizeram com que aumentasse o  tráfico negreiro, tendo os próprios  religiosos usado a mão-de-obra africana até  1870.
A  introdução do escravo  negro no Brasil representava uma determinante  socioeconômica importantíssima  para a emancipação colonial, e foi por  muitos reconhecida. Entre estes, Nóbrega,  em carta ao rei de Portugal  datada de 1559; o conceituado Bispo D. José Joaquim  da Cunha de Azeredo  Coutinho, em sua obra Justiça do Comércio de Resgate de  Escravos da  Costa d' África; e o famoso Padre Antonil, que em sua Cultura e   Opulência do Brasil, por Suas Drogas e Minas, escreveu: "Os escravos são  as mãos  e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não é  possível fazer,  conservar e aumentar fazenda, nem ter engenho  corrente."
 
  Os  negros eram vendidos pelos seus  sobas - chefes de tribos africanas -  aos portugueses, e trazidos para o Brasil  vindos da costa e da  contracosta da África. Até meados do século XVll eram eles  adquiridos,  em sua maioria, pelos senhores de engenho de Pernambuco e Bahia. No   início do séc. XVIII seus maiores compradores passaram a ser o Rio de  Janeiro e  Salvador. Ainda no início do século XVllI os escravos negros  foram introduzidos  nas regiões cafeeiras, a princípio do Pará e do  Maranhão, mais tarde do Rio de  Janeiro e São Paulo.
Os  negros escravos que vieram para o  Brasil saíram de vários pontos do  continente africano: da costa ocidental, entre  o Cabo Verde e o da Boa  Esperança; da costa oriental, de Moçambique; e mesmo de  algumas regiões  do interior. Por isto, possuíam os mais diversos estágios de   civilização. O grupo mais importante introduzido no Brasil foi o  sudanês, que,  dos mercados de Salvador, se espalhou por todo o  Recôncavo. Desses negros, os  mais notáveis foram os iorubas ou nagôs e  os geges, seguindo-se os minas. Em  semelhan_ te estágio de cultura  encontravam-se também dois grupos de origem  berbere-etiÓpica e de  int1uência muçulmana, os fulas e os mandês. Mais atrasados  do que o  grupo..sudanês estavam os dos grupos da cultura chamada cultura banto,   os angolas, os congos ou cabindas, os benguelas e os moçambiques. Os  bantos  foram introduzidos em Pernambuco, de onde seguiram até Alagoas;  no Rio de  Janeiro, de onde se espalharam por Minas e São Paulo; e no  Maranhão, atingindo  daí o Grão-Pará. Ainda no Rio de Janeiro e em Santa  Catarina foram introduzidos  os camundás, camundongos e os quiçamãs.
Os  bantos encontravam-se na fase do  fetichismo - adorando árvores e  símbolos toscos, no sistema da propriedade  coletiva - com uma  rudimentar organização de família - e do governo patriarcal.
A incapacidade de adaptação do indígena para a maioria das tarefas colonizadoras e depois as leis de proibição do cativeiro do índio fizeram com que o tráfico negreiro para o Brasil aumentasse a partir de fins do século XVI e se mantivesse numa crescente progressão até meados do séc. XIX.
  A incapacidade de adaptação do indígena para a maioria das tarefas colonizadoras e depois as leis de proibição do cativeiro do índio fizeram com que o tráfico negreiro para o Brasil aumentasse a partir de fins do século XVI e se mantivesse numa crescente progressão até meados do séc. XIX.
Dos  portos onde os negreiros desembarcavam, os  negros eram, depois de  vendidos, transportados para as fazendas do interior. De  Recife, eles  chegavam até Alagoas; do Rio, eram levados para Minas e São Paulo;  de  São Luís do Maranhão, atingiam o Grão.Pará; e de Salvador, todo o  Recôncavo.
   Além do senhor do céu,  Olorum, a religião dos iorubas introduziu no Brasil outras divindades ou orixás,
entre  os quais Obatalá, ou  Orixalá, ou Oxalá, que tinha por esposa Odudua;  Xangô, deus dos raios e trovões;  Ogum, deus da guerra; Iemanjá, deusa  das águas; Oxóssi, deus dos caçadores e  viajantes; Ifá, que tem por  fetiche o fruto do dendezeiro, revelador do oculto;  Da dá, protetor das  crianças; Ibeji, Orixá dos gêmeos; e Exu ou Elegbará,  espírito do mal.
Os  sudaneses – que receberam  influência do islamismo e eram os mais  adiantados - foram os responsáveis pelos  movimentos de rebelião dos  escravos e pela formação dos quilombos - os  agrupamentos de escravos  fugidos criados no Brasil.
Os  negros africanos,  introduzidos no Brasil para trabalhar na lavoura e  na criação, não se adaptaram  a esta última função, sendo substituídos  pelos indígenas - mais adaptáveis ao  tipo de vida do pastoreio. E  embora fossem utilizados também nos serviços  domésticos e na mineração -  onde tiveram papel importante - eles foram os princi  pais, e em alguns  casos os únicos, trabalhadores das lavouras de açúcar, café e  algodão.
A  compra do negro era, a princípio,  realizada de forma muito simples.  Empregava-se o sistema de troca, usando-se  todo os tipos de miçangas,  vidrilhos, guizos, panos, armas e utensílios de ferro  necessário à  lavoura africana, que eram entrgues aos sobas por uma certa  quantidade  de escravos.
Mais tarde, o ferro e a aguardente   passaram a ser importantíssimos neste comércio. À medida, entretanto,  que o  tráfico se intensificou, as exigências dos vendedores foram  aumentando e os  compradores quase que tiveram de lançar mão de  mercadorias européias.
Os negros eram  transportados em  navios negreiros, funileiros ou tumbeiras, e as  descrições destas viagens -  sobretudo as que foram transmitidas através  dos apaixonados versos dos poetas  abolicionistas - são de estarrecer.  Não são eles, entretanto, a única fonte a  revelar esse quadro horrendo.  Outros autores que se destacaram no estudo do  assunto atestam que  nessas viagens morriam até 40% dos embarcados, além de  ocorrerem  naufrágios por excesso de carga; o tratamento era desumano e os   escravos viam-se obrigados a passar fome e sede, quer pela ambição  desenfreada  dos traficantes, quer por erro de cálculo na tonelagem  disponível para a  travessia.
 A  estimativa do número de  africanos introduzidos em nosso país durante o  período superior a três séculos,  em que foi realizado o tráfico, é  muito difícil. Tradicionalmente, aceita-se a  cifra, meramente  hipotética, de 3.300.000 negros aventada por Roberto Simonsen.  A base  adotada por este último foi a produtividade do escravo. Já Mircea  Buescu,  em sua tentativa para qualificar a história econômica do  Brasil, apresenta um  outro método de avaliação deste número. Este autor  recorre a duas fontes de  pesquisa: primeiro, as informações, embora  precárias, referentes à população  global e à população escrava em  várias épocas; segundo, a constatação de que a  população escrava teve  uma taxa negativa de crescimento vegetativo, taxa que é o   elemento-chave de seus cálculos. Baseado nestes estudos, apresentou um  total de  6.723.850, entrados no Brasi] do séc. XVI ao XIX.


Durante o Primeiro Reinado, os negociantes de escravos com armazéns no Valongo e no Aljube eram os comerciantes mais prósperos do Rio de Janeiro. Mais tarde, quando a Inglaterra passou a perseguir os navios e a confiscar seus carregamentos, o preço dos escravos foi inflacionado.
Um  dos cálculos que encontra  mais defensores é o do historiador Afonso de  E. Taunay, que forneceu um total de  3.600.000 escravos africanos  desembarcados no Brasil. discriminando-os pelos  diversos séculos:  100.000, no XVI; 600.000, no XVII; 1.300.000. no XVIII: e  1.600.000 no  século XIX.
O  que se pode afirmar, com  menor margem de erro, é que já em meados do  século XVII a população escrava no  Brasil superava a população livre:  em 1660, o Brasil contava 74.000 brancos para  110.000 escravos. uma  situação que prevaleceu atémeados do século XIX. pois os  cálculos  efetuados em 1816 acusavam que, dos 3.358.500 habitantes do Brasil,   1.428.500 eram livres, inclusive pretos e pardos forros, e 1.930.000  escravos.
Aqui  chegando, os negros  eram armazenados em um barracão. à espera de que  fossem vendidos. Os preços  variavam de acordo com muitos fatores: o  sexo, a idade, a origem e o destino.  Quando encaminhados às minas de  ouro. valiam muito mais que os destinados aos  campos de plantação ou ao  serviço doméstico.
 Eram  vendidos separadamente  sem respeitar laços de família - pais para um  senhor, filhos para outros,  maridos e mulheres para donos diferentes.
Eram  vendidos separadamente  sem respeitar laços de família - pais para um  senhor, filhos para outros,  maridos e mulheres para donos diferentes.O  negro era um elemento caro  e seu preço foi intlacionado,  principalmente depois que a Inglaterra se arvorou  em defensora da raça  maltratada, passando a perseguir os navios negreiros. Os  riscos  tornaram-se, então, maiores, com prejuízo algumas vezes total. quando o   navio negreiro era pilhado em alto-mar e o carregamento perdido quer  pelo  aprisionamento da embarcação, quer pelo extermínio total da carga.  Nos primeiros  tempos, de uma forma generalizada, o valor médio de um  escravo oscilava entre 20  e 30 libras esterlinas, havendo momentos  excepcionais em que este preço atingia  a 100 libras.
O  livro de contas do Engenho  Sergipe do Conde fornece valiosas  informações sobre o preço do escravo nos  primeiros anos do século XVII.  De acordo com as compras ali anotadas, um escravo  custava, em 1622. 29  mil-réis; em 1630, 30 mil-réis; 42 mil-réis, em 1635; e 55  mil-réis em  1652.
Existem  inúmeros dados  relativos aos preços de escravos no século XIX, mas,  como variam muito, é  difícil determinar-se uma média real. Entretanto,  estabeleceu Mircea Buescu um  quadro estatístico em que se anota que o  preço de um escravo era de 375 mil-réis,  enquanto uma escrava custava,  no mesmo ano e nas mesmas condições de saúde e  idade, 359 milréis.  Vinte anos depois, isto é, em 1855, um escravo custava 1.075  milréis,  enquanto uma escrava atingia a importância de 857 mil-réis; em 1875   chegava-se "ao preço de 1.256 milréis para o homem e 1.106 para a  mulher. Entre  1835 e 1875 o preço médio dos escravos cresceu 235%.
|  | Os negros escravos foram os principais - e às vezes únicos trabalhadores nas lavouras de açúcar, café e algodão, e na pavimentação de ruas, no Rio de Janeiro. | 
Mesmo  dentro da precariedade  da exatidão dos dados, anotada pelo próprio  autor, esses preços não são  desprovidos de coerência. A inflação  apresentou-se em grau bastante baixo num  período de dez anos - com  exceção do período de 1845 a 1855, época definitiva  para a abolição do  tráfico, que provocou um aumento violento do preço de um  escravo. Na  roça um escravo de 60 a 65 anos valia metade de um entre 40 e 50  anos e  a quarta parte de um de 25 a 30 anos; as crianças tinham a partir de 9  ou  10 anos, preços iguais aos dos adultos; menores de 9 anos, o preço  de um escravo  subia de 20 a 50 mil-réis por ano de idade.
Antes  de 1850 a elevação dos  preços foi efeito da procura, enquanto que a  partir deste ano a causa principal  da baixa do preço foi a oferta,  tendo em vista as leis abolicionistas que  paulatinamente iam  substituindo o escravo pelo trabalhador livre.
Embora  os negros se  adaptassem mais do que os indígenas ao trabalho agrícola,  a que já estavam  acostumados, o tempo de vida de um escravo negro,  depois de chegado ao Brasil,  variava entre sete e dez anos.

Aos  escravos cabiam todos os serviços das plantações, desde a  derrubada  das matas, a queima dos troncos e a limpeza do terreno, até o plantio,  a  colheita e o preparo do produto para a venda. A abertura de caminhos e a   construção da casa-grandeeda senzala eram também tarefas dos escravos.
   Os  escrav os fazi_m todos os  serviços: serviam o senhor de engenho,  derrubavam as matas. queimavam os troncos,  limpavam o terreno, vigiavam  o crescimento das mudas e molhavam os partidos.  Cabia-Ihes ainda  evitar que o gado pisasse nos canaviais e que as pragas  atacassem as  plantações, cortar a cana a golpes de foice, levá-Ia em feixes para  as  moendas. que em muitos casos eram movidas por eles próprios.
Além  disso, eram  responsáveis pela abertura dos caminhos que ligavam os  engenhos aos portos e  pelo transporte das caixas de açúcar destina das à  exportação. E tanto a casa  grande - moradia do senhor e sua família  como a capela, as instalações da moenda,  a construção dos depósitos e  até a da própria senzala - moradia dos escravos -,  tudo era feito pelo  trabalho cativo. Finalmente, alguns eram ainda utilizados no  trabalho  doméstico e mesmo na amamentação e criação do filho do senhor, como era   o caso das chamadas mães-pretas.
A  senzala era constituída  por uma série de barracões, pequenos e  abafados, com uma só porta e sem janelas.  tendo apenas pequenos  respiradouros. Frequentemente as senzalas eram construídas   semi-enterradas no solo, com o chão de terra batida, que servia de lugar  de sono  e repouso. A alimentação, a mais racionada possível.  compunha-se de feijão.  farinha de mandioca e um naco de carne-seca.
Nas  fazendas de açúcar o dia  era longo. Os negros levantavam-se ao  amanhecer e, após receber uma ração de  alimento, seguiam para o  trabalho, onde permaneciam até o pôrdo-sol, com  pequenos intervalos  para refeições.
Os  erros e a preguiça  eram castigados das formas mais diversas e brutais,  indo da palmatória às  chicotadas. que deixavam as costas e nádegas em  carne viva, colocando-se nas  feridas montes de sal para que a dor se  prolongasse por dias e o castigo jamais  fosse esquecido. Além desses  castigos havia outros. ainda mais rigorosos, em que  se utilizavam  aparelhos de tortura.
Era  costume marcar-se o  escravo à semelhança do que fazia com o gado. Já  ao sair da África. ele recebia  a marca de uma cruz no peito para  indicar sua condição de novo cristão. Alguns,  chegados ao Brasil,  recebiam ainda a marca do senhor, enquanto no corpo dos  negros fujões  costumava-se imprimir um F, indicação de sua fuga e captura. O  senhor  tinha total direito sobre seus cativos, mas alguns escravos não   conseguiam sujeitar-se a tal situação e fugiam, e, como desconhecessem a  região  para onde haviam sido levados. em pouco tempo encontravam  dificuldades em  esconder-se. sendo logo aprisionados pelos  capitàes-do-mato.
 A origem e importância da dança africana  
Gnawa e Schikatt.
 As influências   
Agora aqui sublinho no que toca a dança que houve uma fusão entre os nossos ritmos tradicionais com a forma de dançar a par importada da sociedade européia, em que este tipo de dança era praticada nas cortes, nos salões nobres e da burguesia como por exemplo na contradança, valsa, mazurca, polca…, levadas não só pelos senhores como pelos seus criados e até por alguns escravos.
 Ritmos  
 Capoeira   
Dentro das Senzalas após a mistura das culturas das diversas tribos africanas que aqui se encontraram, foi-se ao poucos somando o Ngolo que era um jogo de luta praticado nas tribos africanas, o qual o vencedor escolheria uma mulher da tribo a qual seria sua esposa; a ânsia de liberdade dos escravos que sofriam presos nas senzalas, trabalhando o dia todo ou apanhando e resultando na primeira forma de defesa dos escravos contra as maldades que sofriam o qual começaram a ocorrer as primeiras fugas dos negros e a fundação dos Quilombos.
Na época da escravidão toda cultura negra era reprimida, principalmente se tivesse uma conotação de luta, então para poder ser disfarçada a sua prática entre os negros, foi adicionado os instrumentos musicais que deram uma imagem de dança a Capoeira, com músicas que falam de Deuses africanos, Reis das tribos a qual vieram, fatos acontecidos na roda de Capoeira, acontecimentos e sofrimentos do dia-a-dia dos escravos e etc...!
Como ninguém tinha interesse sobre a cultura negra, ninguém notava que aquela simples dança, brincadeira e ritual era na verdade a luta marcial dos escravos, que se camuflava para poder permanecer ativa.
 Schikatt  
As dançarinas usam camadas de véus cobrindo o corpo, do pescoço ao tornozelo, e se enfeitam com muitas jóias; elas cantam, tocam instrumentos e batem palmas enquanto dançam.
O schikatt tem um passo característico chamado rakza, quando a dançarina bate com os pés como na dança flamenca.
 Gnawa   
A dança Gnawa celebra um ritual da seita de Sufi.
Cada ritmo tem muitos significados simbólicos que vão de poderes curativos ao exorcismo.
Uma cor específica é usada para cada dança, invocando o espírito da cerimônia, Hadra, o qual é trazido à terra de um outro mundo etéreo.
Dançarinos usam roupas brancas e chapéus pretos pesadamente enfeitados com conchas, contas, mágicos talismãs e amuletos. Em pé em linha ou círculo, os músicos mantêm o ritmo com tambores ou batendo palmas enquanto dançarinos executam danças acrobática
 Semba  
 É uma dança de salão angolana urbana. Dançada a pares, com passadas  distintas dos cavalheiros, seguidas pelas damas em passos totalmente  largos onde o malabarismo dos cavalheiros conta muito a nível de  improvisação. O Semba caracteriza-se como uma dança de passadas. Não é  ritual nem guerreira, mas sim dança de divertimento principalmente em  festas, dançada ao som do Semba.  
  Rebita  
 Kuduro  
Dança recreativa de exibição individual ou em grupo.
Fusão da música batida, com estilos tipicamente africanos, criados e misturados por jovens Angolanos, entusiastas e impulsionadores do estilo musical, adaptando-se a forma de dançar, soltando a anca para os lados em dois tempos sutilmente, caracterizando o movimento do bailonço duplo.
Da dança Sul-Africana denominado " Xigumbaza ", que significa confusão, que era dançada pelos escravos mineiros, enquanto trabalhavam mudos, e surdos só as vozes das botas se faziam ouvir como um canto de revolta, adaptando-se ao estilo musical Kuduro nasce, o Esquema ou Dança da Família.
Dança da Família por ser dançado geral em grupo exercitando o mesmo passo varias vezes em coreografia coordenada pelos participantes na dança. Dançada normalmente em festas ou em discotecas
 Kizomba  
A expressão Kizomba, como dança nasceu em Angola nos anos 80 em Luanda, após as grandes influências musicais dos Zouks, e com a introdução das caixas rítmicas drum-machine, depois com os grandes concursos que invadiram Angola, desde ai essa expressão se ouvir e manteve, passando pelo Cavalinho, e o kizomba corrida, também nesta época apareceram as kizombas acrobáticas dançada por dois rapazes, mas também é de salientar que as grandes farras entre amigos nos anos 50/70 eram chamadas Kizombadas" porque nesta altura não existia kizomba como expressão bailada e nem musical. Voltando aos anos 50/60 em Angola já se dançava a o Semba, Maringa, Kabetula, Kazukuta, Caduque que deu origem origem a Rebita e outros estilos musicais tipicamente de Angola, mas também outros estilos provenientes de outros continentes, influenciaram música, e a dança, como o Tango, a Plena o Merengue etc., estes eram dançadas nas grandes farras já ao nosso estilo.
Estes estilos de dança outrora eram chamadas danças da "Umbigada"ou danças do "umbigo" só para lembrar que alguns desses estilos têm influências de uma dança portuguesa que se chama "Lundum" que também era dançada a pares, mas que foi proibida de ser dançada porque era considerada dança erótica. Já naquela altura com esses estilos já se fazia nomes nos bailes porque existiam grandes bailadores que também deram uma grande ênfase ao levar estas danças aos bailes, nomes como Mateus Pele do Zangado, João Cometa, e Joana Perna Mbunco, Jack Rumba eram os mais apontados porque estes ao dançarem escreviam no chão, as passadas eram notórias nos seus estilos de exibição ao ritmo do Semba. As passadas como o corridinho a meia-lua e as saídas laterais eram as mais usadas pelos cavalheiros.
1- Farras (festas)
2- Kizombadas (grandes festas)
3 Lundum dança da umbigada
Portuguesa proibida na época
4- Coordenação de passos
 A música e dança em Angola  
Nesta época eram consumidos outros gêneros de música mas adaptados ao nosso estilo de dança; muitas fusões foram feitas em relação aos ritmos provenientes de outros continentes fluindo assim nos estilos como o Bolero os Tangos, as Plenas e tantos outros sons, que eram " soletrados nos pés " de quem sabia dançar.
A boa dança era praticada nos bairros suburbanos de Luanda, nas ruas e nos quintais.
Estes estilos chamados outrora "dança dos operários" ou dos marginais eram as dançadas pelos grandes farristas, ai depois do quintal, foram levadas para as salas de bailes, que deixou de ser só dos operários porque a pequena burguesia também já dançava uns meios escondidos, pelo motivo de serem mal vistos nessa época. Ao som do semba era dançado o semba que era chamado a dança da umbigada, que deu origem ao samba brasileiro.
Os bailes freqüentados pelas "turmas" eram chamados as boas " kizombadas " ou "festas de quintal".
Nos anos 80 deu-se uma revolução nos estilos musicais e na dança, muitos nomes surgiram e outras fusões aconteceram: a dança semba, alguns começaram a chamar kizomba que significa "festa" isto quer dizer que passou de expressão lingüística a dança. A entrada do zouk influenciou muito o estilo musical que esteve a perder a sua raiz que até foi chamado semba-zouk, elemento que deu muita polêmica, mas que ainda continua com o nome de kizomba, mas que também já tem um corpo como música e dança kizomba. O zouk love, e a tarrachinha, têm dado outros estilos na forma como dançamos nos bailes, porque os movimentos sensuais são concêntricos na sensualidade no rebolar das ancas com movimentos muito sexuais.
Nota: 1- dikanza (reco reco) 2- ngoma (batuque) 3- ngaieta(gaita) 4- cotas (mais velhos) 5- soletrado nos pés (dançar como se estive a escrever) 6- grandes farristas ( homens de festas), 7 semba (estilo de dança e musica angolano) 8 kizombadas ( grandes festas).
 Guedra  
Dança de tribos berberes que vivem na fronteira do sul de Marrocos.
Uma fila de homens em vestes azuis ou brancas e turbantes pretos tocam tambor com uma forte batida enquanto as mulheres vestidas de azul, com cabelos presos no alto da cabeça, com jóias e coroadas de conchas, batem o ritmo com as mãos e B'Sharra, a grande dama do Guedra, saúda a areia, o céu e o vento, balançando seu corpo, abrindo os braços para abraçar a vastidão do deserto, movimentando as mãos e os dedos em delicados movimentos que simbolizam o amor, a paz e a benção.
 Ahouach  
Dança coletiva com ritmo berbere; executada por aldeões do centro e do sul das Montanhas Atlas, dançam tocando instrumentos circulares feitos de pele de cabra.
Um homem chamado Raiss guia os homens da vila que tocam seus tambores, e algumas vezes flautas, enquanto rapazes e moças solteiras dançam o Ahouch frente a frente. Segurando as mãos, os dançarinos em linha sacodem seus corpos, balançando pesadas jóias de prata e âmbar, as quais, através dos movimentos, fazem um outro tipo de ritmo.
Esta dança tem como objetivo a unidade do povo. Para participar, todos devem saber a coreografia e executá-la com perfeição.
 Kazukuta  
 Kabetula  
Retirado de:
http://dancas-africanas.blogspot.com
 Em praça  pública, para servirem de exemplo aos demais, os negros sofriam .seus  castigos. A escravidão negra no Brasil, iniciada, segundo alguns autores,  em 1532, estendeu-se até 1888. Foram mais de três séculos e meio de  escravatura, condição em que o negro desempenhou importante papel na  colonização e, depois, no desenvolvimento econômico do Império. Os  africanos entravam no Brasil principalmente através dos portos do Rio de  Janeiro, de Salvador, do Recife e de São Luís do Maranhão, de onde se  espalhavam por todo o território brasileiro. Muitas vezes, revoltados  com sua condição, fugiam de seus senhores, chegando a organizar-se em  quilombos, cujo principal, o de Palmares, em Alagoas, conseguiu  tornar-se um verdadeiro estado negro dentro da colônia portuguesa.
Em praça  pública, para servirem de exemplo aos demais, os negros sofriam .seus  castigos. A escravidão negra no Brasil, iniciada, segundo alguns autores,  em 1532, estendeu-se até 1888. Foram mais de três séculos e meio de  escravatura, condição em que o negro desempenhou importante papel na  colonização e, depois, no desenvolvimento econômico do Império. Os  africanos entravam no Brasil principalmente através dos portos do Rio de  Janeiro, de Salvador, do Recife e de São Luís do Maranhão, de onde se  espalhavam por todo o território brasileiro. Muitas vezes, revoltados  com sua condição, fugiam de seus senhores, chegando a organizar-se em  quilombos, cujo principal, o de Palmares, em Alagoas, conseguiu  tornar-se um verdadeiro estado negro dentro da colônia portuguesa.Movimento social e político ocorrido entre 1870 e 1888, que defendia o fim da escravidão no Brasil. Termina com a promulgação da Lei Áurea, que extingue o regime escravista originário da colonização do Brasil. A escravidão havia começado a declinar com o fim do tráfico de escravos em 1850. Progressivamente, imigrantes europeus assalariados substituem os escravos no mercado de trabalho. Mas é só a partir da Guerra do Paraguai (1865-1870) que o movimento abolicionista ganha impulso. Milhares de ex-escravos que retornam da guerra vitoriosos, muitos até condecorados, se recusam a voltar à condição anterior e sofrem a pressão dos antigos donos. O problema social torna-se uma questão política para a elite dirigente do Segundo Reinado.
O fim da escravidão no Brasil foi um processo lento e gradual ocupando praticamente todo o Século XIX. Após a independência em 1822, a Inglaterra pressionou o governo brasileiro que compromete-se a acabar com o tráfico em 3 anos. Em 1850 o país cedeu a pressão inglesa e proibiu o tráfico.
A Campanha Abolicionista contribuiu para desacreditar o sistema escravista. As leis emancipadoras aprovadas pelo Parlamento tiveram um resultado psicológico importante pois condenaram a escravidão a desaparecer gradualmente. Isso forçou os proprietários de escravos a pensarem em soluções alternativas para o problema de mão-de-obra. Mas foi apenas quando os escravos decidiram abandonar as fazendas em número cada vez maior desorganizando o trabalho, que os fazendeiros se viram obrigados a aceitar como inevitável, a Abolição. Igualmente importante foi a adesão dos militares à causa abolicionista."
No dia 13 de maio de 1888, a princesa-regente, Dona Isabel assinou a Lei nº 3353, mais conhecida como Lei Áurea, libertando os escravos.
Cerca de 10 mil pessoas se aglomeram em volta do Paço, o palácio do governo na capital federal. Éra gente do povo, da alta sociedade e autoridades que aguardam a chegada da princesa Isabel para a assinatura da lei de número 3.353, a Lei Áurea, a mais comentada e festejada de toda a história do Brasil até aquela época. Ela encerrava quase quatro séculos de escravidão de negros no Brasil. Hoje, a Lei Áurea faz parte da história. Não é mais comemorada com a mesma alegria de antigamente, nem mesmo pelos negros, os principais beneficiados. Participantes do Movimento Negro no Brasil consideram que a lei foi apenas uma conquista na área jurídica, pois obrigou o fim da escravidão. Mas não houve conquista social: os negros permaneceram marginalizados na sociedade e até hoje lutam contra o preconceito.
Leis Abolicionistas
1815 - Tratado anglo-português, na qual Portugal concorda em restringir o tráfico ao sul do Equador
1826 - Brasil compromete em acabar com o tráfico dentro de 3 anos
1831 - Tentativa de proibição do tráfico no Brasil, sob pressão da Inglaterra
1838 - abolição da escravidão nas colônias inglesas
1843 - os ingleses são proibidos de comprar e vender escravos em qualquer parte do mundo
1845 - A Inglaterra aprova o Bill Abeerden, que da a Inglaterra o poder de apreender os navios negreiros com destino ao Brasil
1850 - É aprovada sob pressão inglesa a lei Eusébio de Queirós, que proíbe o tráfico negreiro no Brasil
1865 - A escravidão é abolida nos Estados Unidos, 1871 - Lei do Ventre Livre ou Lei Rio Branco
1885 - Lei dos Sexagenários ou Lei Saraiva-Cotejip
1888 - Lei Áurea.
Fonte:
http://www.estudeonline.net/revisao_detalhe.aspx?cod=120
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FONTE:
www.kboing.com.br
 














































